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porFernanda Mograbi Jabbour

Consumo de álcool – Não existe nível seguro.

Há muito tempo existe a crença de que o consumo moderado de álcool traz benefícios à saúde, especialmente ao coração.

Esta crença, comprovada em diversos estudos, não é verdadeira. Mesmo uma dose de álcool por dia (já escrevi um artigo explicando qual a dose padrão de álcool) aumenta a chance de ocorrência de doenças crônicas como câncer, doenças cardiovasculares, problemas gastrointestinais e de fígado.

Um estudo publicado pela “The Lancet” avaliou esta questão e identificou que consumir apenas uma dose de álcool por dia aumentou o risco de desenvolver problemas de saúde relacionados ao álcool em 0,5% em relação à abstenção e beber 5 doses por dia levou a um aumento de 37% no risco.

Os pesquisadores também descobriram que, quando combinavam os riscos para as 23 doenças que estudaram, beber não oferecia proteção contra a mortalidade geral. Ou seja, os possíveis benefícios provenientes do consumo baixo e moderado de álcool não superam o risco aumentado de outros danos relacionados à saúde.

Mesmo que haja padrões de consumo que oferecem menos risco, a OMS (Organização Mundial da Saúde) não estabelece limites específicos pois as evidências científicas mostram que a situação ideal para a saúde é não consumir nenhuma quantidade de álcool. O álcool está diretamente relacionado com aproximadamente 60 doenças e para quase todas existe uma estreita relação entre a dose e a resposta, ou seja, quanto maior é a quantidade de álcool que é consumida, maiores são os riscos desenvolvimento de doenças.

O nível seguro de consumo de álcool é zero: beber em qualquer quantidade oferece riscos à saúde. Mesmo que o risco seja muito baixo, o consumo de álcool não pode ser visto como uma escolha saudável.

Estudo: No level of alcohol consumption improves health

Published Online August 23, 2018

porFernanda Mograbi Jabbour

“Ensinar” a beber em casa

“Ensinar” a beber em casa ajuda o filho adolescente a beber com responsabilidade fora de casa? Verdade ou mito?

É mito. O que ocorre é exatamente o oposto. Pais que oferecem e que deixam seus filhos beberem álcool dentro de casa, mesmo que em quantidades limitadas, acabam estimulando-os ao consumo excessivo de álcool, ao padrão “binge drinking” (grandes quantidades em curtos períodos de tempo), a terem danos relacionados ao álcool e sintomas de Transtorno por Uso de Álcool (Abuso e Dependência).

Esta é a conclusão de um estudo inédito, realizado com 1927 adolescentes – dos 12 aos 18 anos – e seus pais, que analisou as consequências a longo prazo da oferta ocasional de álcool pelos pais.

Segundo Mattick, um dos autores do estudo, pais e médicos precisam ter consciência de que o fato da família oferecer álcool aos adolescentes está associado ao risco, e não à proteção. E, na minha opinião, muitas vezes a família não só oferece como incentiva o uso. A sociedade precisa se conscientizar de que álcool é uma droga e que, portanto, não deve ser usada pelos adolescentes.

Enquanto se é adolescente, a frase “beber com responsabilidade” ou então, “aprender a beber” não existem. ADOLESCENTE NÃO PODE BEBER. Seu cérebro está em formação e o córtex pré-frontal (área responsável pela censura, controle do impulso, planejamento, julgamento e tomada de decisão) só amadurece por volta dos 25 anos. Portanto, um cérebro que ainda está em formação é mais vulnerável aos efeitos danosos das drogas.

QUANTO MAIS PRECOCE É O USO DO ÁLCOOL MAIOR É A PROBABILIDADE DA CRIANÇA/ADOLESCENTE APRESENTAR PROBLEMAS COM ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS NO FUTURO.

Aqueles que começam antes dos 15 anos têm predisposição quatro vezes maior de desenvolver dependência em comparação aos que fizeram o primeiro uso com 20 ou mais anos.

Segundo a pesquisadora da UNIFESP, Zila Sanchez, é fundamental o retardamento da iniciação ao uso do álcool. Quanto mais tarde ocorre o início do uso menor é a chance de desenvolvimento da Dependência Química. Os pais têm um papel importantíssimo neste aspecto. Evidências científicas demonstram que quanto mais os pais mostram que não concordam com a ingestão de álcool pelos filhos menores de idade, quando não estimulam e mostram que não aprovam, menor a chance deste adolescente se envolver em padrões de risco de uso de álcool. Somente o fato de dizer aos filhos “eu não quero que você beba” já é uma forma de prevenção.

Concluindo: pais que permitem que os filhos bebam em casa com o intuito de protegê-los estão, na verdade, dando permissão para que as crianças bebam. Este comportamento dos pais estimula o consumo abusivo do álcool pelos filhos.

Portanto, em hipótese alguma, ofereça álcool a seu filho menor de idade. E, além de todos os motivos citados acima, no Brasil, apesar da não fiscalização, é crime ofertar álcool a criança ou adolescente. (Lei Nº 13.106, de 17 de março de 2015).

Estudo publicado no “The Lancet”. Realizado na Austrália, durante um período de seis anos, e publicado em 2018.

Association of parental supply of alcohol with adolescent drinking, alcohol-related harms, and alcohol use disorder symptoms: a prospective cohort study. Richard P Mattick, Philip J Clare, Alexandra Aiken, Monika Wadolowski, Delyse Hutchinson, Jackob Najman, Tim Slade, Raimondo Bruno, Nyanda McBride, Kypros Kypri, Laura Vogl, Louisa Degenhardt).

porFernanda Mograbi Jabbour

Combate ao Alcoolismo

O Combate ao alcoolismo é importante para que a sociedade se conscientize dos danos e doenças que o consumo excessivo de álcool pode causar.

A dependência de álcool é uma doença multifatorial, progressiva, crônica (sem cura) e fatal. É um dos principais problemas de saúde pública, no Brasil e no mundo.

Por volta de 3 milhões de mortes por ano resultam do uso nocivo do álcool, representando 5,3% de todas as mortes. (OMS). No Brasil, 15% da população brasileira é dependente de álcool.

Esta data é importante para que a sociedade se conscientize dos danos e doenças que o consumo excessivo de álcool pode causar. Lembrando sempre que o álcool é uma droga, ainda que lícita, e que, portanto, tem o potencial de causar dependência.

Abaixo estão os critérios do DSM-V para o diagnóstico da dependência que pode ser leve, moderada ou grave. Se o paciente preenche 2 ou mais critérios dos listados abaixo, o ideal é já procurar ajuda especializada.

  • Consumo em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido;
  • Desejo persistente ou esforços sem sucesso para reduzir ou controlar o uso da substância;
  • Fissura ou forte desejo ou necessidade de usar;
  • Muito tempo gasto em atividades necessárias para obtenção da substância, no consumo ou na recuperação de seus efeitos;
  • Usar recorrente, resultando no fracasso de desempenhar papéis importantes no trabalho, na escola ou em casa;
  • Usar continuado, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes causados ou exacerbados por seus efeitos;
  • Importantes atividades sociais, profissionais ou recreacionais são abandonadas ou reduzidas em função do uso da substância;
  • Uso recorrente em situações nas quais representa perigo para a integridade física;
  • Uso mantido apesar de problemas físicos ou psicológicos persistentes causados ou exacerbados pela substância;
  • Tolerância
    • Necessidade de quantidades cada vez maiores de álcool para alcançar intoxicação ou o efeito desejado;
    • Efeito acentuadamente menor com o uso continuado da mesma quantidade de substância;
  • Abstinência
    • Síndrome de abstinência característica da substância
    • A substância é consumida para aliviar ou evitar sintomas de abstinência.

A dependência de álcool é uma doença crônica, que não tem cura, mas que tem tratamento.

porFernanda Mograbi Jabbour

Binge Drinking – você sabe o que é?

“Binge Drinking” ou “Beber Pesado Episódico” é um padrão que se caracteriza pelo consumo excessivo de álcool em uma única ocasião: para homens, 5 doses ou mais; para mulheres, 4 doses ou mais em um período de duas horas.   

Um estudo realizado no Brasil (II LENAD, 2012) mostrou que, 50% da população brasileira é considerada abstinente e 50% não é considerada abstinente pois consumiu álcool nos últimos 12 meses. Da população que bebe, a maioria, 58%, bebe em binge drinking. Considerando apenas os homens, este índice é de 66%.

Binge drinking

Ou seja, o padrão de consumo de álcool do brasileiro é preocupante e problemático já que, além de agravos à saúde física e mental (possibilidade de desenvolvimento do Transtorno por Uso de Substâncias e de outros transtornos mentais), este padrão leva à intoxicação e à prática de outros comportamentos de risco que são prejudiciais tanto ao usuário como a outras pessoas.

  • Dirigir intoxicado e provocar acidentes;
  • Quedas;
  • Tentativas de suicídio
  • Abuso sexual;
  • Atividade sexual sem proteção.

Quem somos?

ConAJUDA – Consultoria de Apoio Junto ao Usuário de Drogas e Álcool

Missão: Contribuir para a prevenção e tratamento do Transtorno por Uso de Substâncias.

Visão: Ser uma Consultoria reconhecida pela excelência na implementação e gestão de Programas de Prevenção do Risco Associado ao Uso Indevido de Substâncias Psicoativas em empresas de Aviação Civil.

porFernanda Mograbi Jabbour

Consumo de álcool | Você sabe o que é uma dose padrão de álcool?

Você sabe o que é uma dose padrão de álcool?

Abstinência é mais seguro

Segundo o NIAAA (National Institute om Alcohol Abuse and Alcoholism), estas são as quantidades de consumo de álcool que podem ser consideradas de baixo risco para o desenvolvimento de patologias, porém, não há uso seguro de álcool. A abstinência é o padrão mais seguro.

O consumo excessivo de álcool pode gerar um aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, doenças hepáticas e, especialmente, do risco de câncer. Há estudos que comprovam que o risco de câncer de mama aumenta em 20% para as mulheres que bebem 2 doses ou mais em uma única ocasião. Também aumenta o risco de desenvolvimento do Transtorno por Uso de Substâncias e de outros transtornos mentais como depressão e ansiedade.

E você sabe que padrão de consumo de álcool é considerado pesado e de alto risco para a saúde?

Alerta para as situações em que os indivíduos não devem ingerir qualquer quantidade de álcool (OMS):

  • com menos de 21 anos (melhor ainda, com menos de 24 anos: alguns estudos atuais mostram que o cérebro ainda está em formação até os 24 anos);
  • que estão em recuperação do Transtorno do Uso do Álcool ou são incapazes de controlar a quantidade que bebem;
  • quando forem dirigir ou realizar qualquer atividade que coloque em risco a segurança;
  • mulheres gestantes ou lactantes;
  • quando tomarem certos medicamentos de venda livre ou prescritos;
  • por algumas condições médicas.

A abstinência é o padrão mais seguro.

Os últimos estudos mostram que não existe um nível seguro para o consumo de álcool.

Talvez, aquela famosa crença de que “uma taça de vinho por dia faz bem, ou “uma taça de vinho por dia diminui o risco de doença cardíaca”, pode ter sido inventada pela indústria do álcool. Ou, mesmo que estudos tenham comprovado este fato, os benefícios não superam os malefícios, mostram os estudos mais recentes.

Embora o NIAAA (National Institute om Alcohol Abuse and Alcoholism) estabeleça um nível de consumo como sendo um consumo de baixo risco para o desenvolvimento de patologias, as evidências mostram que a situação ideal para a saúde é não consumir nenhuma quantidade de álcool, portanto, não há nível seguro. A abstinência é o padrão mais seguro.

porFernanda Mograbi Jabbour

Dependencia Quimica – Luta contra o abuso e tráfico ilícito de drogas

Dependência Química – Luta contra o abuso e tráfico ilícito de drogas

Em 1987 a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o dia 26 de junho como o Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas para conscientizar a população mundial sobre a necessidade de combater os problemas sociais criados pelas drogas ilícitas, além de planejar ações de combate à dependência química e ao tráfico de drogas.

Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas (World Drug Report), publicado ontem pela UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime), o uso de drogas em todo o mundo tem aumentado. Este relatório não contabiliza usuários de álcool.

Em 2009, os 210 milhões de usuários estimados representavam 4,8% da população global entre 15 e 64 anos. Em 2018, este número subiu para 269 milhões de usuários (5,3% da população mundial) representando um aumento de 28% (em parte pelo crescimento populacional).  Deste total, estimou-se que, aproximadamente, 35,6 milhões de pessoas apresentaram Transtornos relacionados ao Uso de Substâncias, o que significa que o padrão de uso de drogas destes usuários é prejudicial podendo já haver dependência e/ou que o uso requer tratamento.

Outro dado importante e preocupante apontado pelo relatório: adolescentes e jovens adultos representam a maior parcela de usuários. Na adolescência ocorre o desenvolvimento cognitivo e emocional do cérebro, portanto, quanto mais precoce é o uso de substâncias, maior a probabilidade de instalação da Dependência Química (Transtorno por Uso de Substâncias).

O relatório chama a atenção também para a relação entre drogas e violência, que é complexa pois é difícil definir todas as relações causais entre o uso de substâncias psicoativas e violência. Os dados, apesar de limitados, mostram que a intoxicação pode ser um fator significativo em homicídios.

Mais pessoas estão usando drogas, há mais drogas e mais tipos de drogas do que nunca.

 E para concluir, aproveito a ocasião para lembrar que a Dependência Química é uma doença incurável mas que tem tratamento e os indivíduos portadores desta doença devem ser tratados sem preconceitos ou estigmas mas, sim, com respeito, compreensão e apoio.

porFernanda Mograbi Jabbour

Bebidas alcoólicas – Se beber, não poste!

A propaganda de bebidas alcoólicas já é feita pela própria indústria para incentivar seu consumo pois claro, ela precisa vender seu produto. Mas nós, não.

Quando postamos fotos ou vídeos ou fazemos lives estamos estimulando ainda mais este consumo, fazendo uma propaganda ainda melhor que os próprios anunciantes. Mais eficazes ainda são as lives dos artistas, celebridades, influenciadores, ídolos com milhares de seguidores regadas a bebidas alcoólicas. Algumas até patrocinadas pela indústria (uma marca que patrocinou uma live onde houve consumo excessivo de álcool está sob investigação no CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).

A mensagem passada em todos os casos é a de que a vida é muito mais divertida com álcool, ou ainda, de que só existe diversão e felicidade com álcool. Isto é ainda mais preocupante quando o público que recebe a mensagem é composto por crianças e adolescentes (que são, em grande parte, seguidores destes artistas) que muito possivelmente terão uma visão distorcida do álcool. Até os 25 anos o cérebro ainda está em formação, sendo assim, quanto mais precoce é o uso de qualquer substância psicoativa maior é a probabilidade de desenvolvimento da Dependência Química e de outros transtornos psiquiátricos.

Dependentes químicos são vulneráveis a todo este estímulo pois pode levá-los a recaídas ainda mais neste momento onde os sentimentos de angústia e ansiedade estão mais aflorados.

Bebidas alcoólicas – para refletir:

Será que queremos mesmo estimular o uso do álcool assim como fazem a indústria e os artistas?

Sobre o Conar:

Constituído por publicitários e profissionais de outras áreas, o CONAR é uma organização não-governamental que visa promover a liberdade de expressão publicitária e defender as prerrogativas constitucionais da propaganda comercial.

Sua missão inclui principalmente o atendimento a denúncias de consumidores, autoridades, associados ou formuladas pelos integrantes da própria diretoria.

As denúncias são julgadas pelo Conselho de Ética, com total e plena garantia de direito de defesa aos responsáveis pelo anúncio. Quando comprovada a procedência de uma denúncia, é sua responsabilidade recomendar alteração ou suspender a veiculação do anúncio.

O CONAR não exerce censura prévia sobre peças publicitárias, já que se ocupa somente do que está sendo ou foi veiculado.

Mantido pela contribuição das principais entidades da publicidade brasileira e seus filiados – anunciantes, agências e veículos –, tem sede na cidade de São Paulo e atua em todo o país. Foi fundado em 1980.

porFernanda Mograbi Jabbour

Consumo de álcool – O distanciamento social e o aumento do consumo

O consumo de álcool durante a pandemia aumentou consideravelmente, não só entre os dependentes da substância mas também entre aqueles que fazem uso recreativo. Sem as costumeiras reuniões com amigos em bares, churrascos e outros encontros presenciais, as pessoas estão bebendo em casa, muitas vezes, sozinhas, em quaisquer dias e horários. Talvez estejam apenas preenchendo seu tempo mas talvez estejam tentando minimizar a angústia, a tristeza, a raiva ou a incerteza do que virá pela frente. E a indústria do álcool, claro, aproveita-se deste momento para vender como nunca. Qual o problema da adoção deste comportamento nestes tempos? O uso indevido do álcool (exemplos: beber acima do nível considerado de baixo risco, beber mais que 4 doses – mulheres – e 5 doses – homens – em uma mesma ocasião, beber antes de exercer alguma atividade de risco) pode causar danos à saúde física e mental (como ansiedade e depressão) e pode trazer consequências graves, daí o aumento nos índices de violência doméstica. Sabemos que a dependência química (Transtorno por Uso de Substâncias) é uma doença crônica e progressiva; ninguém torna-se dependente da noite pro dia, é um continuum de gravidade e que depende de uma série de fatores biológicos, psicológicos e ambientais; contudo, se a pessoa conta com o álcool para lidar com este momento complicado pode, com o tempo, ficar mais difícil de lidar com os sentimentos sem o uso da substância. O próprio hábito de beber acima do nível considerado de baixo risco, adquirido durante os meses de distanciamento social, pode se tornar um hábito para toda a vida e talvez caminhar para a dependência, dependendo dos outros fatores de risco a que a pessoa está exposta. Cuidem de sua saúde! Perguntem-se: “Se estivéssemos em tempos normais, eu estaria bebendo neste momento e nesta quantidade?