O consumo de álcool durante a pandemia aumentou consideravelmente, não só entre os dependentes da substância mas também entre aqueles que fazem uso recreativo. Sem as costumeiras reuniões com amigos em bares, churrascos e outros encontros presenciais, as pessoas estão bebendo em casa, muitas vezes, sozinhas, em quaisquer dias e horários. Talvez estejam apenas preenchendo seu tempo mas talvez estejam tentando minimizar a angústia, a tristeza, a raiva ou a incerteza do que virá pela frente. E a indústria do álcool, claro, aproveita-se deste momento para vender como nunca. Qual o problema da adoção deste comportamento nestes tempos? O uso indevido do álcool (exemplos: beber acima do nível considerado de baixo risco, beber mais que 4 doses – mulheres – e 5 doses – homens – em uma mesma ocasião, beber antes de exercer alguma atividade de risco) pode causar danos à saúde física e mental (como ansiedade e depressão) e pode trazer consequências graves, daí o aumento nos índices de violência doméstica. Sabemos que a dependência química (Transtorno por Uso de Substâncias) é uma doença crônica e progressiva; ninguém torna-se dependente da noite pro dia, é um continuum de gravidade e que depende de uma série de fatores biológicos, psicológicos e ambientais; contudo, se a pessoa conta com o álcool para lidar com este momento complicado pode, com o tempo, ficar mais difícil de lidar com os sentimentos sem o uso da substância. O próprio hábito de beber acima do nível considerado de baixo risco, adquirido durante os meses de distanciamento social, pode se tornar um hábito para toda a vida e talvez caminhar para a dependência, dependendo dos outros fatores de risco a que a pessoa está exposta. Cuidem de sua saúde! Perguntem-se: “Se estivéssemos em tempos normais, eu estaria bebendo neste momento e nesta quantidade?
Sobre o Autor